segunda-feira, 12 de abril de 2021

São José

 



Em comemoração dos 150 anos da proclamação de São José como guardião universal da Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco deu um grande presente à Igreja, o “Ano de São José” através da Carta Apostólica Patris Corde Coração de Pai”. Esta Carta, como o próprio título sugere, é cheia de afeto. Nasce do coração paternal de Francisco, que deseja, por meio dela, chegar ao coração de todos os católicos, convidando cada um a conhecer melhor o pai adotivo (ou putativo) do Senhor e a sua importância no plano salvífico de Deus.

Há dias, quando entrei na igreja da paroquia onde resido reparei nesta sua imagem. Aliás, melhor dizendo, reparei neste pormenor desta imagem.

Presumo que possam existir dezenas, para não dizer centenas de imagens de São José. Umas com O menino e outras sem O menino, mas esta tem uma particularidade que me disse alguma coisa.

Nela podemos ver O menino repousando no braço de São José, enquanto segura na mão esquerda o “Mundo” aquele, do qual Ele virá a ser O Salvador. São José, paternalmente, encosta a sua cabeça há d`Ele. Algumas passagens bíblicas veem-me à ideia…

- (…) o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”1.Apesar desta passagem estar ligada a outra situação concreta, não deixa de ser interessante ver que Jesus enquanto menino, teve onde reclinar a cabeça. Teve o ombro daquele que não temeu receber a Sua Mãe. Teve o ombro daquele que, seguramente, lhe deu educação, afeto e amor, durante muito anos.

- “Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito”.2. Neste caso, não é Jesus que reclina a sua cabeça, mas um dos discípulos que sossega a sua no peito do Senhor.

- “Jesus, à popa, dormia sobre uma almofada.”3. Não nos esqueçamos que a popa é o lugar de comando de qualquer embarcação. Jesus permanece, portanto, no comando da nossa vida, ainda que muitas vezes nem nos apercebamos da serenidade da sua condução. A presença da almofada na embarcação e do sono sereno de Jesus marcam bem o tom doce e tranquilo deste condutor diferente da nossa vida agitada. Não é a nossa agitação que conta, mas sim o seu sono tranquilo.


Ainda que de outra forma, contraria ao que nos é ensinado e explicado, também me vem há ideia aqueles momentos de escuridão e deserto da alma, nos quais nos sentimos sós, tremendamente sós e dizemos que Ele deve estar a dormir. Ainda que algumas vezes nós caiamos nessa tentação, como, de resto, sucedeu naquele tempo com os seus discípulos, de julgarem o sono de Jesus como indiferença, também hoje continuamos a julgar esse sono. No entanto, mesmo que Ele reclinasse a cabeça, vemos que nos tem debaixo da Sua mão protetora e O justo segura aquele que virá a ser a Justiça no fim dos tempos.


12 de abril de 2021

Paulo Roldão

1São Mateus 8-20/São Lucas 9-58

2São João 13-23

3São Marcos 4-35


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